sábado, 13 de agosto de 2011

A arte do encontro!


Quem já se apaixonou por um olhar? Não sei bem como explicar isso, mas aconteceu comigo ontem. Sendo bem sincera, nunca acreditei muito nessas coisas de amor à primeira vista. Acho que tudo muda, a partir do momento que acontece com você. É só uma questão de ponto de vista, quem viveu sabe por experiência própria, e quem não viveu, sabe pela experiência dos outros. E como todo mundo sabe, não são todas as pessoas que conseguem aprender a lição através da experiência alheia. Eu precisei ver pra crer, ou melhor sentir, pra crer. E aí sim, descobri o que é um amor impossível.
  Segundo meu querido dicionário Luft: –Im.pos.sí.vel: 1. Que não pode ser ou não se pode fazer. 2. Incrível. 3. Extravagante. 4. Muito difícil. 5. Insuportável. 6. Coisa impossível.- A.mor: 1. Afeição profunda. 2. Objeto dessa afeição; pessoa amada. 3. Zelo; cuidado. Vou tomar amor impossível por afeição profunda que não pode ser.
  Estava andando na calçada, vento no rosto, sensação de liberdade. Segui em direção contrária ao fluxo de carros. Gosto de observar os rostos dentro dos carros, e dessa vez não foi diferente, só me distraí por um momento. Não pude deixar de observar duas freirinhas encostadas numa árvore sorridentes comprando filmes piratas, gravei a cena na minha memória e segui rindo. O sinal fechou, e dessa vez, encontrei um olhar que ficou fixo no meu, tempo o suficiente para que eu me apaixonasse. Talvez, 15, ou 20 segundos.
  Eu sabia que o momento ia acabar, mas isso não fazia dele menos especial. Nunca vi um olhar assim, talvez não veja mais. Estava rindo, assim como eu, não um para o outro. Ambos sorriam de coisas distintas, até nossos olhares se encontrarem. Nem tive chance de observar se tinha outra pessoa ao lado dele no carro, ou se ele também ria das freirinhas… Quem sabe?
  É provável que esse encontro de olhares nunca mais aconteça, mas o fato é que o meu olhar se apaixonou pelo dele. Mas, assim como duas pessoas que se encontram uma vez, e talvez não se encontrem mais, nossos olhares não deixaram de aproveitar nenhum segundo desse encontro. Os sentimentos são realmente estranhos, não estranhos por uma perspectiva ruim, estranhos por sempre conseguirem nos surpreender e carregarem tanta magia consigo.
  Consegui em poucos segundos sentir todas aquelas coisas ao mesmo tempo. Meu coração acelerado, roubou toda a minha força, parei de andar. Só fui me dar conta que estava ali, parada na calçada quando o sinal abriu. Enquanto isso, algumas muitas pessoas apressadas passaram por mim, algumas poucas pessoas lentas também. As pessoas que estavam por algum motivo na rua, paradas, devem ter me observado sem entender porque eu estava parada, olhando fixamente para a rua. Tantos carros, tantos olhares, e eu encontrei esse. De fato, um amor impossível. Minha única certeza é que, se um dia encontrar novamente esse olhar, eu vou saber.
  Me lembrou uma outra história, onde me apaixonei por um sorriso. Não existia a possibilidade de encontrar ele novamente. Deixei isso pra lá, tentei jogar fora a idéia. Mas, era fechar os olhos que lembrava do sorriso. Uns dias depois, fui no Orkut de uma amiga, e por coincidência ou destino (chame como quiser), tinha uma foto de um cara sorridente lá no canto direito da página. Eu não tinha certeza, não podia ser! Mas era ele. Tomei a iniciativa, não podia deixar passar. No fim não deu certo, era só o sorriso mesmo. Mas eu ganhei um amigo, um amigo que tem o sorriso mais lindo que eu já vi.
  Sinceramente, sou boa com feições, mas nem lembro muito bem do rosto do cara do carro. Só dos olhos. Coincidência que a janela do motorista estivesse aberta justamente na hora que eu passei? Coincidência o sinal fechar? Coincidência eu rir das freirinhas e encontrar um olhar sorridente seguindo o meu? Pode ser, pode não ser. Quem sabe não é destino? Quem sabe eu não viajo muito em pensamentos, e talvez esse cara do carro nem tenha trocado um olhar comigo propositalmente. Vai ver ele estava só de olhar vago, sem olhar pra nada em especial, esperando o sinal abrir.
  Depois que me dei conta, segui rápido, querendo saber que caminho o carro tinha pegado. Se já tinha estacionado, se morava por ali mesmo… Já era tarde, todo esforço de ir atrás seria em vão, e lembrei-me do destino, sei que se tiver que acontecer novamente, vai acontecer. Agora, mais do que nunca, ando olhando os rostos nos carros, quem sabe, esperando encontrar novamente aquele olhar.
  Não sei se me apaixonei pelo olhar, ou pelo momento em si. Dizem que os olhos são as janelas da alma, talvez então, tenha sido um encontro de almas. Não sei, só sei que o momento se eternizou na minha memória, é único, não vai se repetir. Não com aquele cenário, aquela música no meu Ipod, aquelas freirinhas e aquele meu sorriso. Já dizia Vinicius de Moraes: “A vida não é brincadeira, amigo! A vida é a arte do encontro embora haja tanto desencontro nessa vida”.

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